NOVAS REGRAS DE USO DO HÍFEN COM PREFIXOS E FALSOS PREFIXOS
Você deve estar pensando agora na dificuldade que sempre teve para decorar aquelas enormes tabelas sobre o uso (ou não) do hífen com prefixos e falsos prefixos. Calma! Com o acordo, as novas regras de uso do hífen com prefixos e falsos prefixos vieram para facilitar a nossa vida. Podemos dizer que o processo, com raras exceções, está mais lógico e facilita a compreensão.
Vamos comprovar isso agora? São só quatorze regrinhas.
Regra número 1
Os prefixos e os falsos prefixos se ligam com hífen a palavras iniciadas por H.
Exemplos: anti-higiênico, anti-histórico, macro-história, mini-hotel, proto-história, sobre-humano, sub-hepático, sub-humano, super-homem, ultra-humano.
Exceções: “co-”, “des-”, “in-” e “re-”: coabitar, coerdeiro, desumano, desumidificar, inábil, inumano, reaver, reidratar, reidratação, reabilitar.
Perceba a lógica do processo: Como o H não pode ficar sozinho no interior da palavra, é preciso usar o hífen. Caso contrário, criaríamos “mostrengos” como antihigiênico, antihistórico, macrohistória, minihotel, protohistória, sobrehumano, subhepático, subhumano, superhomem e ultrahumano. Estranhos, não?
Quanto às exceções, você notou alguma diferença? Sim, as palavras criadas com os prefixos “co-”, “des-”, “in-” e “re-” perderam o H, o que torna desnecessário o uso do hífen.
Resumindo: PREFIXOS + PALAVRAS INICIADAS POR H = HÍFEN (menos “co-”, “des-”, “in-” e “re-”).
Regra número 2
Se o prefixo termina por vogal e o segundo elemento começa pela mesma vogal, usa-se hífen.
Exemplos: anti-ibérico, anti-imperialista, anti-inflacionário, anti-inflamatório, auto-observação, contra-atacar, contra-ataque, micro-ondas, micro-ônibus, micro-organismo, para-atleta, semi-internato, semi-interno.
Exceções: os prefixos “co-” e “re-”: coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante, rescrever, reedição, reeleito, reestruturar, reenviar.
Resumindo: VOGAIS IGUAIS = HÍFEN (menos “co-” e “re-”).
Regra número 3
Se o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento, não se usa o hífen.
Exemplos: aeroespacial, agroindustrial, antiaéreo, antiácaro, antieducativo, autoaprendizagem, autoescola, autoavaliação, autoestrada, autoinstrução, coautor, coedição, extraescolar, extraclasse, infraestrutura, megaoperação, miniescola, plurianual.
Resumindo: VOGAIS DIFERENTES = SEM HÍFEN.
Regra número 4
Se o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de R ou S, não se usa o hífen.
Exemplos: anteprojeto, antipedagógico, autopeça, autoproteção, coprodução, geopolítica, microcomputador, miniquestionário, pseudomédico, semicírculo, semideus, seminovo, ultramoderno, coparticipação.
Resumindo: VOGAL + CONSOANTE DIFERENTE DE R OU S = SEM HÍFEN.
Regra número 5
Se o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por R ou S, além de não haver hífen, dobram-se essas letras.
Exemplos: antirrábico, antirracional, antirracismo, antirreligioso, antirrugas, antissocial, biorritmo, contrarregra, contrassenso, cosseno, infrassom, georreferência, microssala, microssistema, minissaia, microrregião, multissecular, neorrealismo, neossimbolista, semirreta, ultrarresistente, ultrassom, ultrassonografia.
Perceba a lógica do processo: Se não duplicarmos as consoantes R e S, cometeremos o grave erro de mudar a pronúncia da palavra: “minisaia” (“minizaia"), “infrasom" (“infrazon”), “microregião” (nesse caso, o R é pronunciado brando, como em claro, e não como em rato).
Resumindo: VOGAL + R OU S = SEM HÍFEN E CONSOANTE DUPLICADA.
Regra número 6
Se o primeiro elemento termina por consoante igual à que inicia o segundo, usa-se hífen.
Exemplos: hiper-requintado, inter-racial, inter-regional, mal-limpo, sub-bibliotecário, super-racista, super-reacionário, super-resistente, super-romântico.
Exceção: o prefixo “ir-”: irresponsável, irrequieto.
Resumindo: CONSOANTES IGUAIS = HÍFEN (menos “ir-”).
Regra número 7
Se o prefixo termina em consoante diferente da que inicia o segundo elemento, não se usa hífen.
Exemplos: hipermercado, intermunicipal, superproteção, subchefe, subsede, subsolo, subsídio.
Dica importante: Na palavra subsídio, o “s” é pronunciado como em sala, e não como zebra. Grande parte das pessoas pronuncia “subzídio”, o que não está de acordo com esse padrão de uso da língua. Afinal, se a pronúncia é subsolo, subsede, com som de “s”, e não “subzolo”, “subzede”, com som de “z”, por que seria “subzídio”, com som de “z”? O mesmo serve para as variantes: subsidiar, subsidiário...
Resumindo: CONSOANTES DIFERENTES = SEM HÍFEN.
Regra número 8
Os prefixos “ab-”, “ob-”, “sob-” e “sub-” se ligam com hífen a B, H e R.
Exemplos: sub-bloco, sub-humano, sub-hepático, sub-região, sub-reino, ob-rogar, sob-roda.
Perceba a lógica do processo: O que esses prefixos têm em comum? Todos terminam em B. Por isso, quando se ligam a palavras iniciadas por B (consoantes iguais), H (veja a regra número 1) e R (letra com a qual o B forma dígrafo), esses prefixos pedem hífen. Caso contrário, criaríamos “monstrinhos” como subbloco (ou subloco), subregião, subreino, obrogar e sobroda (dígrafos).
Resumindo: AB, OB, SOB, SUB + B, H, R = HÍFEN.
Regra número 9
O prefixo “ad-” se liga com hífen a D, H e R.
Exemplos: ad-referendar, ad-digital.
Exceções: adrenalina, adrenalite e adrenalinemia.
Neste caso, o raciocínio é parecido com o da regra de número 8.
Resumindo: AD + D, H, R = HÍFEN (exceção: adrenalina – e variações).
Regra número 10
Os prefixos “circum-” e “pan-” se ligam com hífen a vogal, H, M e N.
Exemplos: circum-escolar, circum-navegação, pan-americano, pan-mágico, pan-negritude.
Perceba a lógica do processo: Deve haver hífen pelo simples fato de não termos na língua portuguesa os encontros mn e nn (“circumnavegação", “pan-negritude"), bem como porque o encontro do M e do N com vogal forma sílaba (“circumescolar", “panamericano”).
Resumindo: CIRCUM, PAN + VOGAL, H, M, N = HÍFEN.
Regra número 11
Se o prefixo termina em consoante e o segundo elemento começa por vogal, não se usa o hífen.
Exemplos: hiperacidez, hiperativo, interescolar, interestadual, interestelar, interestudantil, superamigo, superaquecimento, supereconômico, superexigente, superinteressante, superotimismo.
Resumindo: CONSOANTE + VOGAL = SEM HÍFEN.
Regra número 12
Os prefixos “ex-”, “além-”, “aquém-”, “recém-”, “sem-”, “pós-”, “pré-”, “pró-” e “vice-” ligam-se com hífen ao elemento seguinte.
Exemplos: além-mar, aquém-mar, ex-aluno, ex-diretor, ex-prefeito, ex-presidente, pós-graduação, pré-história, pré-vestibular, pró-europeu, pró-reforma, recém-casado, recém-nascido, sem-terra, sem-teto, vice-governador, vice-presidente.
Resumindo: EX, ALÉM, AQUÉM, RECÉM, SEM, PÓS, PRÉ, PRÓ, VICE = HÍFEN SEMPRE.
Regra número 13
Usa-se o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani “-açu”, “-guaçu” e “-mirim” quando o primeiro elemento termina em vogal acentuada graficamente ou em tônica nasal.
Exemplos: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu, Ceará-Mirim, paraná-mirim.
Resumindo: VOGAL ACENTUADA OU TÔNICA NASAL + AÇU, GUAÇU, MIRIM = HÍFEN.
Regra número 14
Deixa de existir hífen nas formas em que a palavra "não" tem valor prefixal.
Exemplos: (a) não agressão, (rapaz) não engajado, (homem) não fumante, (atitude) não governamental, (a) não violência, (a) não participação.
Resumindo: “NÃO” COM VALOR DE PREFIXO = SEM HÍFEN.
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