terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Nova ortografia sem firulas (parte 4)

 USO DE INICIAIS MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS

Este é um assunto aparentemente simples, mas que requer atenção, pois sistematiza o uso de letras maiúsculas e minúsculas, evitando a desorganização que impera hoje em diversos textos, com o uso exagerado de iniciais maiúsculas.

Abordaremos o assunto de maneira bem prática, para que você não o esqueça.

Vamos começar?  


Uso de inicial maiúscula

Emprega-se a inicial maiúscula:

- nos nomes próprios de pessoa, reais ou fictícios: Maria Mariana, Guilherme, Branca de Neve, Rapunzel;

- nos nomes próprios de lugar, reais ou fictícios: Brasil, Portugal, Recife, Atlântida, Lilipute;

- nos nomes que designam instituições: Ministério da Educação, Secretaria de Cultura, Fundação Padre Anchieta;

- nos nomes de datas comemorativas: Natal, Carnaval, Quarta-Feira de Cinzas, Semana Santa, Dia das Mães, Dia das Crianças.

Resumindo: NOMES COMUNS, DIAS, MESES E ESTAÇÕES DO ANO; “FULANO”, “SICRANO” E “BELTRANO”; PONTOS CARDEAIS = INICIAIS MINÚSCULAS.


Uso de inicial minúscula

Emprega-se a inicial minúscula:

- nos nomes comuns: cadeira, lápis, diretor, aluno, professor, casa, mesa; 

- nos nomes dos dias, meses e estações do ano: quinta-feira, domingo, janeiro, dezembro, verão, outono;

- nos nomes “fulano”, “sicrano” e “beltrano”;

- nos nomes dos pontos cardeais: sul, sudeste, norte, oeste.

Observação 1: As abreviaturas dos pontos cardeais se escrevem com maiúscula: NE (nordeste), SE (sudeste), etc.

Observação 2: Quando designarem nome de região, os pontos cardeais terão inicial maiúscula: “Vou passar minhas férias no Nordeste”.

Resumindo: NOMES PRÓPRIOS (PESSOAS, LUGARES, INSTITUIÇÕES) E DATAS COMEMORATIVAS = INICIAIS MAIÚSCULAS.


Uso facultativo

Emprega-se facultativamente maiúscula ou minúscula:

- nas formas de tratamento ou reverência: doutor (ou Doutor) Paulo Chaves, frei (ou Frei) Damião, dom (ou Dom) Hélder Câmara, santo (ou Santo) Antônio;

- nos nomes de cursos e disciplinas: professor de português (ou de Português), prova de matemática (ou de Matemática), curso de direito (ou de Direito);

- nos nomes de prédios ou espaços públicos: avenida (ou Avenida) Abdias de Carvalho, rua (ou Rua) da Aurora, edifício (ou Edifício) Duarte Coelho, igreja (ou Igreja) do Carmo.

Observação: O uso, nesses casos, é facultativo, porém deve-se manter uma padronização. Ou seja, se optar por usar a inicial maiúscula, por exemplo, use-a em todo o texto, não fique oscilando entre maiúscula e minúscula.

Resumindo: FORMAS DE TRATAMENTO OU REVERÊNCIA; NOMES DE CURSOS E DISCIPLINAS; NOMES DE PRÉDIOS OU ESPAÇOS PÚBLICOS = INICIAIS MINÚSCULAS OU MAIÚSCULAS.


*Este conteúdo está disponibilizado inteiramente de forma gratuita. Entretanto, caso queira ter este material para consultá-lo quando e onde quiser, ele está disponível aqui em forma de e-book pelo valor simbólico de R$ 5,99. Adquirindo esse e-book, além de ter à mão um conteúdo de qualidade a hora que precisar, você ainda contribui com a nossa missão de levar conteúdo gratuito de língua portuguesa para todos. 







segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Nova ortografia sem firulas (parte 3)

 NOVAS REGRAS DE USO DO HÍFEN COM NOMES COMPOSTOS

Este assunto requer muita atenção, pelos detalhes envolvidos. Por isso, sugiro que leia e releia até compreender as regras. 

Regra número 1

Formas como “afro-”, “anglo-”, “euro-”, “franco-”, “indo-”, “luso-” e “sino-”, quando não entram na composição de adjetivos pátrios (como em afro-brasileiro, anglo-saxão, euro-asiático), dispensam o hífen.

Exemplos: afrodescendente, anglofalante, eurodeputado, francolatria, lusófono.

Resumindo: “AFRO-”, “ANGLO-”, “EURO-”, “FRANCO-”, “INDO-”, “LUSO-”, “SINO-” = SEM HÍFEN SE NÃO FORMAR ADJETIVO PÁTRIO.


Regra número 2

Não se usa o hífen em palavras que perderam a noção de composição, como girassol, madressilva, malmequer, mandachuva, paraquedas, paraquedista e pontapé.

Observação 1: Dos compostos com a forma verbal "para", só "paraquedas", "paraquedista", "paraquedismo" e "paraquedístico" perderam o hífen. Os demais mantiveram: para-brisa, para-choque, para-lama, para-raios, etc.

Observação 2: Dos compostos com a forma verbal "manda", só "mandachuva" perdeu o hífen. Os demais mantiveram: manda-lua, manda-tudo, etc.

Observação 3: Escreve-se “malmequer”, sem hífen, mas “bem-me-quer”, com hífen. Acha incoerente? Então tente escrever “bem-me-quer” junto: “bemequer”. Estranho, não? Muda até a pronúncia!

Resumindo: GIRASSOL, MADRESSILVA, MALMEQUER, MANDACHUVA, PARAQUEDAS, PARAQUEDISTA, PONTAPÉ = SEM HÍFEN.


Regra número 3

O hífen continua a ser usado nas palavras compostas cujos elementos são substantivo, adjetivo, numeral ou verbo. 

Exemplos: ano-luz, tenente-coronel, tio-avô, boa-fé, curto-circuito, guarda-noturno, luso-brasileiro, má-fé, mato-grossense, norte-americano, porto-alegrense, sul-americano, primeiro-ministro, primeiro-sargento, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva, porta-aviões, porta-retratos.

No entanto, se houver um elemento de ligação entre os termos, o hífen deixa de ser usado.

Exemplos: à toa (adjetivo e advérbio), corpo a corpo (substantivo e advérbio), dia a dia (substantivo e advérbio), passo a passo (substantivo e advérbio), arco e flecha, general de divisão, lua de mel, mão de obra, pé de moleque, ponto e vírgula, não me toques (melindres) um disse me disse, um deus nos acuda, um maria vai com as outras, um pega pra capar (confusão).

Exceções: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia (as economias de uma pessoa), ao deus-dará, à queima-roupa e os compostos entre cujos elementos há apóstrofo, como cobra-d’água, caixa-d’água, mestre-d’armas, mãe-d’água e olho-d’água.

Resumindo: PALAVRAS COMPOSTAS POR SUBSTANTIVO, ADJETIVO, NUMERAL OU VERBO = COM HÍFEN.


Regra número 4

Nos nomes de espécies botânicas e zoológicas, emprega-se o hífen sempre, mesmo que haja entre os termos um elemento de ligação.

Exemplos: abóbora-menina, andorinha-do-mar, bem-te-vi, coco-da-baía, dente-de-leão, feijão-carioca, feijão-verde, joão-de-barro, limão-taiti, mamão-havaí, não-me-toques (planta).

Resumindo: NOMES DE ESPÉCIES BOTÂNICAS E ZOOLÓGICAS = SEMPRE COM HÍFEN.


Regra número 5

Grafam-se com hífen os topônimos (nomes próprios geográficos) que tenham grã, grão, verbo ou os segmentos cujos elementos estejam ligados por artigo.

Exemplos: Grã-Bretanha, Grão-Pará, Abre-Campo, Passa-Quatro, Quebra-Costas, Quebra-Dentes, Traga-Mouro, Trinca-Fortes, Baía de Todos-os-Santos, Entre-os-Rios, Montemor-o-Novo, Trás-os-Montes.

Observação: Os demais topônimos se escrevem sem hífen: América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde, Castelo Branco, Freixo de Espada à Cinta, etc. Exceção: Guiné-Bissau.

Resumindo: TOPÔNIMOS COM GRÃ, GRÃO, VERBO OU COM OS SEGMENTOS LIGADOS POR ARTIGO = SEMPRE COM HÍFEN.


Regra número 6

Escrevem-se com hífen os adjetivos pátrios derivados de topônimos compostos, inclusive os que contêm elemento de ligação.

Exemplos: belo-horizontino, cruzeirense-do-sul, florentino-do-piauí, mato-grossense, mato-grossense-do-sul, santa-cruzense.

Resumindo: ADJETIVOS PÁTRIOS DERIVADOS DE TOPÔNIMOS COMPOSTOS, INCLUSIVE OS QUE CONTÊM ELEMENTO DE LIGAÇÃO = SEMPRE COM HÍFEN.


*Este conteúdo está disponibilizado inteiramente de forma gratuita. Entretanto, caso queira ter este material para consultá-lo quando e onde quiser, ele está disponível aqui em forma de e-book pelo valor simbólico de R$ 5,99. Adquirindo esse e-book, além de ter à mão um conteúdo de qualidade a hora que precisar, você ainda contribui com a nossa missão de levar conteúdo gratuito de língua portuguesa para todos. 

domingo, 27 de dezembro de 2020

Nova ortografia sem firulas (parte 2)

NOVAS REGRAS DE USO DO HÍFEN COM PREFIXOS E FALSOS PREFIXOS

Você deve estar pensando agora na dificuldade que sempre teve para decorar aquelas enormes tabelas sobre o uso (ou não) do hífen com prefixos e falsos prefixos. Calma! Com o acordo, as novas regras de uso do hífen com prefixos e falsos prefixos vieram para facilitar a nossa vida. Podemos dizer que o processo, com raras exceções, está mais lógico e facilita a compreensão.

Vamos comprovar isso agora? São só quatorze regrinhas.


Regra número 1

Os prefixos e os falsos prefixos se ligam com hífen a palavras iniciadas por H. 

Exemplos: anti-higiênico, anti-histórico, macro-história, mini-hotel, proto-história, sobre-humano, sub-hepático, sub-humano, super-homem, ultra-humano.

Exceções: “co-”, “des-”, “in-” e “re-”: coabitar, coerdeiro, desumano, desumidificar, inábil, inumano, reaver, reidratar, reidratação, reabilitar.

Perceba a lógica do processo: Como o H não pode ficar sozinho no interior da palavra, é preciso usar o hífen. Caso contrário, criaríamos “mostrengos” como antihigiênico, antihistórico, macrohistória, minihotel, protohistória, sobrehumano, subhepático, subhumano, superhomem e ultrahumano. Estranhos, não? 

Quanto às exceções, você notou alguma diferença? Sim, as palavras criadas com os prefixos “co-”, “des-”, “in-” e “re-” perderam o H, o que torna desnecessário o uso do hífen.

Resumindo: PREFIXOS + PALAVRAS INICIADAS POR H = HÍFEN (menos “co-”, “des-”, “in-” e “re-”).


Regra número 2

Se o prefixo termina por vogal e o segundo elemento começa pela mesma vogal, usa-se hífen.

Exemplos: anti-ibérico, anti-imperialista, anti-inflacionário, anti-inflamatório, auto-observação, contra-atacar, contra-ataque, micro-ondas, micro-ônibus, micro-organismo, para-atleta, semi-internato, semi-interno. 

Exceções: os prefixos “co-” e “re-”: coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante, rescrever, reedição, reeleito, reestruturar, reenviar.

Resumindo: VOGAIS IGUAIS = HÍFEN (menos “co-” e “re-”).


Regra número 3

Se o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento, não se usa o hífen.

Exemplos: aeroespacial, agroindustrial, antiaéreo, antiácaro, antieducativo, autoaprendizagem, autoescola, autoavaliação, autoestrada, autoinstrução, coautor, coedição, extraescolar, extraclasse, infraestrutura, megaoperação, miniescola, plurianual.

Resumindo: VOGAIS DIFERENTES = SEM HÍFEN.


Regra número 4

Se o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de R ou S, não se usa o hífen.

Exemplos: anteprojeto, antipedagógico, autopeça, autoproteção, coprodução, geopolítica, microcomputador, miniquestionário, pseudomédico, semicírculo, semideus, seminovo, ultramoderno, coparticipação.

Resumindo: VOGAL + CONSOANTE DIFERENTE DE R OU S = SEM HÍFEN.


Regra número 5

Se o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por R ou S, além de não haver hífen, dobram-se essas letras.

Exemplos: antirrábico, antirracional, antirracismo, antirreligioso, antirrugas, antissocial, biorritmo, contrarregra, contrassenso, cosseno, infrassom, georreferência, microssala, microssistema, minissaia, microrregião, multissecular, neorrealismo, neossimbolista, semirreta, ultrarresistente, ultrassom, ultrassonografia.

Perceba a lógica do processo: Se não duplicarmos as consoantes R e S, cometeremos o grave erro de mudar a pronúncia da palavra: “minisaia” (“minizaia"), “infrasom" (“infrazon”), “microregião” (nesse caso, o R é pronunciado brando, como em claro, e não como em rato).

Resumindo: VOGAL + R OU S = SEM HÍFEN E CONSOANTE DUPLICADA.


Regra número 6

Se o primeiro elemento termina por consoante igual à que inicia o segundo, usa-se hífen.

Exemplos: hiper-requintado, inter-racial, inter-regional, mal-limpo, sub-bibliotecário, super-racista, super-reacionário, super-resistente, super-romântico.

Exceção: o prefixo “ir-”: irresponsável, irrequieto.

Resumindo: CONSOANTES IGUAIS = HÍFEN (menos “ir-”).


Regra número 7

Se o prefixo termina em consoante diferente da que inicia o segundo elemento, não se usa hífen.

Exemplos: hipermercado, intermunicipal, superproteção, subchefe, subsede, subsolo, subsídio.

Dica importante: Na palavra subsídio, o “s” é pronunciado como em sala, e não como zebra. Grande parte das pessoas pronuncia “subzídio”, o que não está de acordo com esse padrão de uso da língua. Afinal, se a pronúncia é subsolo, subsede, com som de “s”, e não “subzolo”, “subzede”, com som de “z”, por que seria “subzídio”, com som de “z”? O mesmo serve para as variantes: subsidiar, subsidiário...  

Resumindo: CONSOANTES DIFERENTES = SEM HÍFEN.


Regra número 8

Os prefixos “ab-”, “ob-”, “sob-” e “sub-” se ligam com hífen a B, H e R.

Exemplos: sub-bloco, sub-humano, sub-hepático, sub-região, sub-reino, ob-rogar, sob-roda.

Perceba a lógica do processo: O que esses prefixos têm em comum? Todos terminam em B. Por isso, quando se ligam a palavras iniciadas por B (consoantes iguais), H (veja a regra número 1) e R (letra com a qual o B forma dígrafo), esses prefixos pedem hífen. Caso contrário, criaríamos “monstrinhos” como subbloco (ou subloco), subregião, subreino, obrogar e sobroda (dígrafos).

Resumindo: AB, OB, SOB, SUB + B, H, R = HÍFEN.


Regra número 9

O prefixo “ad-” se liga com hífen a D, H e R.

Exemplos: ad-referendar, ad-digital. 

Exceções: adrenalina, adrenalite e adrenalinemia.

Neste caso, o raciocínio é parecido com o da regra de número 8. 

Resumindo: AD + D, H, R = HÍFEN (exceção: adrenalina – e variações).


Regra número 10

Os prefixos “circum-” e “pan-” se ligam com hífen a vogal, H, M e N.

Exemplos: circum-escolar, circum-navegação, pan-americano, pan-mágico, pan-negritude.

Perceba a lógica do processo: Deve haver hífen pelo simples fato de não termos na língua portuguesa os encontros mn e nn (“circumnavegação", “pan-negritude"), bem como porque o encontro do M e do N com vogal forma sílaba (“circumescolar", “panamericano”).   

Resumindo: CIRCUM, PAN + VOGAL, H, M, N = HÍFEN.


Regra número 11

Se o prefixo termina em consoante e o segundo elemento começa por vogal, não se usa o hífen.

Exemplos: hiperacidez, hiperativo, interescolar, interestadual, interestelar, interestudantil, superamigo, superaquecimento, supereconômico, superexigente, superinteressante, superotimismo.

Resumindo: CONSOANTE + VOGAL = SEM HÍFEN.


Regra número 12

Os prefixos “ex-”, “além-”, “aquém-”, “recém-”, “sem-”, “pós-”, “pré-”, “pró-” e “vice-” ligam-se com hífen ao elemento seguinte. 

Exemplos: além-mar, aquém-mar, ex-aluno, ex-diretor, ex-prefeito, ex-presidente, pós-graduação, pré-história, pré-vestibular, pró-europeu, pró-reforma, recém-casado, recém-nascido, sem-terra, sem-teto, vice-governador, vice-presidente.

Resumindo: EX, ALÉM, AQUÉM, RECÉM, SEM, PÓS, PRÉ, PRÓ, VICE = HÍFEN SEMPRE.


Regra número 13

Usa-se o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani “-açu”, “-guaçu” e “-mirim” quando o primeiro elemento termina em vogal acentuada graficamente ou em tônica nasal.

Exemplos: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu, Ceará-Mirim, paraná-mirim.

Resumindo: VOGAL ACENTUADA OU TÔNICA NASAL + AÇU, GUAÇU, MIRIM = HÍFEN.


Regra número 14

Deixa de existir hífen nas formas em que a palavra "não" tem valor prefixal.

Exemplos: (a) não agressão, (rapaz) não engajado, (homem) não fumante, (atitude) não governamental, (a) não violência, (a) não participação.

Resumindo: “NÃO” COM VALOR DE PREFIXO = SEM HÍFEN.


Leia a terceira parte deste assunto clicando aqui.

*Este conteúdo está disponibilizado inteiramente de forma gratuita. Entretanto, caso queira ter este material para consultá-lo quando e onde quiser, ele está disponível aqui em forma de e-book pelo valor simbólico de R$ 5,99. Adquirindo esse e-book, além de ter à mão um conteúdo de qualidade a hora que precisar, você ainda contribui com a nossa missão de levar conteúdo gratuito de língua portuguesa para todos. 

sábado, 26 de dezembro de 2020

Nova ortografia sem firulas (parte 1)

 O ALFABETO, O TREMA E A ACENTUAÇÃO GRÁFICA

Incorporação oficial das letras K, W e Y

Com o novo acordo ortográfico, as letras K, W e Y foram oficialmente reincorporadas ao nosso alfabeto, sendo empregadas nos seguintes casos:

a) em nomes de origem estrangeira e seus derivados: Kuwait, Darwin, Byron, kuwaitiano, darwinismo, byroniano; 

b) em siglas, símbolos e unidades de medida de uso internacional: KLM, TWA, K (potássio), km (quilômetro), kW (quilowatt); 

c) em palavras estrangeiras de uso corrente no português: kart, kit, kung fu, show, web, windsurf, playboy, playground. 

Observação: Sempre que possível, deve-se substituir os topônimos estrangeiros por formas vernáculas correspondentes: Nova Iorque, Xangai, Zurique, Bordéus, Pequim. 

Resumindo: K, W, Y = SOMENTE COM NOMES. 

Extinção do trema

Depois de tantas tentativas fracassadas, o trema finalmente foi eliminado da língua portuguesa. Agora palavras como aguentar, arguição, arguir, aquífero, bilíngue, cinquenta, delinquente, eloquência, ensanguentado, equestre, frequência, lingueta, linguiça, quinquênio, sequestro, subsequente e tranquilo se escrevem assim, sem trema. 

Atenção! O trema saiu, mas a pronúncia dessas palavras e de todas as outras antes grafadas com ele continua a mesma.

Exceção: O trema permanece nas palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros, como hübneriano, de Hübner; mülleriano, de Müller; e schöenbergiano, de Schöenberg.

Resumindo: TREMA = EXTINTO. USO SOMENTE EM PALAVRAS DERIVADAS DE NOMES PRÓPRIOS ESTRANGEIROS.

Mudanças na acentuação gráfica

O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa trouxe algumas mudanças na acentuação gráfica. Com exceção do que será visto neste capítulo, as regras continuam as mesmas.

Antes de passarmos às quatro regras propostas pelo novo acordo, vamos lembrar a classificação das palavras conforme a sílaba tônica (a mais forte).

Quanto à posição da sílaba tônica, as palavras na língua portuguesa se classificam em:

a) oxítonas: a sílaba tônica é a última (caqui, caju, cajá, pequi, mirim);

b) paroxítonas: a sílaba tônica é a penúltima (cama, macaco, pele).

c) proparoxítonas: a sílaba tônica é a antepenúltima (caríssimo, púlpito).

Agora que fizemos esta pequena introdução, vamos às regras! 


REGRA NÚMERO 1: O acento foi eliminado nas paroxítonas terminadas em OO(S). 

Exemplos: abençoo, abotoo, atordoo, coo, coroo, destoo, enjoo, magoo, moo, povoo, perdoo, remoo, voo. 

Resumindo: PAROXÍTONAS TERMINADAS EM OO = SEM ACENTO.


REGRA NÚMERO 2: O acento foi eliminado na terminação EEM das formas do plural dos verbos CRER, DAR LER, VER e seus derivados.

Exemplos: (eles) creem, descreem, leem, releem, veem, reveem, (que eles) deem, desdeem. 

Atenção: 

Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos TER e VIR e seus derivados: (eles) têm, abstêm-se, contêm, detêm, entretêm, mantêm, obtêm, retêm; (eles) vêm, advêm, convêm, intervêm, provêm, sobrevêm. 

Resumindo: TERMINAÇÃO EEM DE CRER, DAR LER, VER (“CREDELEVER”) E DERIVADOS = SEM ACENTO.


REGRA NÚMERO 3: Foi eliminado o acento dos ditongos abertos das paroxítonas.

Exemplos: assembleia, boleia, colmeia, Coreia, dispneico, estreia, ideia, epopeico, europeia, panaceia, plateia, proteico, alcaloide, apoio (verbo), asteroide, boia, heroico, introito, jiboia, joia, paranoico, tramoia. 

Atenção: 

O acento permanece: 

a) nas paroxítonas terminadas em R, como blêizer, contêiner, destróier, gêiser, Méier;

b) nas monossílabas tônicas e nas oxítonas, como méis, réis, dói, mói, sóis, anéis, hotéis, papéis, pastéis, herói, constrói, corrói, faróis, remói. 

Resumindo: DITONGOS ABERTOS EI/OI DAS PAROXÍTONAS = SEM ACENTO.


REGRA NÚMERO 4: Foi eliminado o acento dos ditongos EI e OI das paroxítonas.

Exemplos: assembleia, boleia, colmeia, Coreia, dispneico, estreia, ideia, epopeico, europeia, panaceia, plateia, proteico, alcaloide, apoio (verbo), asteroide, boia, heroico, introito, jiboia, joia, paranoico, tramoia. 

Atenção: 

O acento permanece: 

a) nas paroxítonas terminadas em R, como blêizer, contêiner, destróier, gêiser, Méier;

b) nas monossílabas tônicas e nas oxítonas, como méis, réis, dói, mói, sóis, anéis, papéis, pastéis, herói, constrói, corrói, faróis, remói. 

Resumindo: I / U TÔNICOS DAS PAROXÍTONAS PRECEDIDOS DE DITONGO DECRESCENTE = SEM ACENTO.

REGRA NÚMERO 5: O acento diferencial foi eliminado nas seguintes palavras:

a) coa, coas – formas do verbo COAR;
b) para – forma do verbo PARAR;
c) pela, pelas – formas do verbo PELAR ou substantivo (bola/ jogo);
d) pelo – forma do verbo PELAR ou substantivo;
e) pera – substantivo;
f) polo – substantivo.

Atenção:

I. O acento permanece em:
a) pôde – forma do pretérito perfeito do indicativo do verbo PODER (para diferenciá-lo de pode – forma do presente do indicativo do verbo PODER);
b) pôr – verbo.

II. O acento é facultativo em forma (fôrma) – substantivo, no sentido de molde (para diferenciá-la de forma – verbo FORMAR).

Resumindo: I/U TÔNICOS DAS PAROXÍTONAS PRECEDIDOS DE DITONGO DECRESCENTE = SEM ACENTO.

Leia a segunda parte deste assunto clicando aqui.

*Este conteúdo está disponibilizado inteiramente de forma gratuita. Entretanto, caso queira ter este material para consultá-lo quando e onde quiser, ele está disponível aqui em forma de e-book pelo valor simbólico de R$ 5,99. Adquirindo esse e-book, além de ter à mão um conteúdo de qualidade a hora que precisar, você ainda contribui com a nossa missão de levar conteúdo gratuito de língua portuguesa para todos. 

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Vírgula sem firulas

Para usar bem a vírgula, a primeira coisa que você precisa é saber identificar a ordem direta dos elementos dentro de uma frase, que é esta:

 SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO(S) DO VERBO. 

Veja:

Manuel comprou uma casa no campo no ano passado.

Sujeito: Manuel

Verbo: comprou

Complementos do verbo: uma casa (objeto direto) no campo (adjunto adverbial de lugar) no ano passado (adjunto adverbial de tempo). 

Observe que essa frase, por estar na ordem direta, não recebe vírgula. Entretanto, se mudarmos a ordem ou intercalarmos algum termo, poderemos isolá-los com vírgulas: 

No ano passado, Manuel comprou uma casa no campo.

Manuel, no ano passado, comprou uma casa no campo.

Manuel comprou, no ano passado, uma casa no campo. 

Em resumo, NÃO se usa vírgula: 

1) Para separar sujeito e predicado (= o que se diz do sujeito): 

A janela da casa (sujeito) recebia a luz do sol naquela manhã (predicado).

O enorme sofá onde Gabriel costumava brincar (sujeito) virou artigo de museu (predicado).

As garotas mais divertidas da escola (sujeito) estavam no passeio daquelas férias (predicado).

= Observe que não importa o tamanho do sujeito, na ordem direta, não há vírgula entre ele e o seu predicado. 

2) Entre verbo e complemento:

Gabriel discutia (verbo) com os personagens dos jogos (complemento).

A garotinha olhava (verbo) fixamente o vendedor de algodão doce (complemento). 

Se entendeu essa regra, você já resolveu noventa por cento dos seus problemas com o uso da vírgula, uma vez que o desconhecimento dessa regra é que gera os grandes erros no assunto. 

Agora, vamos mostrar quando você deve usar a vírgula: 

1) Para separar o aposto (termo explicativo):

Recife, a Veneza brasileira, é marcada por suas pontes e rios.

Petrópolis, a Cidade Imperial, é famosa por seus museus. 

2) Para isolar vocativo (termo que chama a atenção):

Mariana, venha logo!

Venha logo, Mariana!

Venha, Mariana, logo! 

3) Para isolar expressões que indicam circunstâncias variadas como tempo, lugar, modo, companhia (adjuntos adverbiais invertidos ou intercalados na oração): 

No ano passado, Manuel comprou uma casa no campo.

Manuel, no ano passado, comprou uma casa no campo.

Manuel comprou, no ano passado, uma casa no campo. 

4) Antes dos conectivos mas, porém, contudo, pois, logo:

O garoto fez a prova, mas deixou uma questão em branco.

Mariana estudou bastante, logo deve conseguir uma vaga na faculdade. 

5) Para isolar termos explicativos (isto é, a saber, por exemplo, digo, a meu ver, ou melhor, entre outros):

Vou citar, por exemplo, a beleza das flores como prova do amor do Criador por nós.

A explicação dada pelo professor está, a meu ver, bem completa. 

6) Para separar termos coordenados (uma lista, por exemplo):

Viajarei a Londres, a Paris, ao Egito e a Portugal no próximo ano.

Comprei no supermercado leite de coco, arroz, manteiga e amendoim. 


Espero que tenha gostado deste conteúdo.

terça-feira, 14 de julho de 2020

"Interrogado, o mesmo confirmou tudo."

Está correta essa frase?

Não! Porque a palavra “mesmo” está sendo empregada na função pronominal = na substituição de um pronome ou substantivo. E esse uso não é recomendado pela gramática. 

Ou seja, nunca devemos usar o pronome “mesmo” (o mesmo, a mesma, os mesmos, as mesmas) em substituição a “ele/ela”. Por quê? Porque “mesmo” não é pronome pessoal. 

Veja os usos corretos de “mesmo”: 

É aqui mesmo que eu quero morar. (advérbio = de fato, realmente, justamente) 

Luana estuda a semana inteira. Mariana faz o mesmo. (substantivo = a mesma coisa) 

Mesmo sem querer, Maria respondeu ao questionário. (conjunção concessiva = ainda que) 

Eles mesmos fizeram o jantar, para surpresa da mãe. (pronome/adjetivo = próprios) 

Esses são os usos de “mesmo”. Portanto, a frase do título, segundo a gramática, fica assim: 

Interrogado, ele confirmou tudo. = ou o réu, o homem... nunca “o mesmo”, já que “mesmo” não substitui nome. 


Espero que tenha gostado da dica. 


sexta-feira, 10 de julho de 2020

Isso faz parte da sua ossada?

Não raro eu escuto frases como: 

Isso não faz parte da minha ossada. 

Isso não é da minha ossada. 

De fato, estimado falante, não é mesmo da sua ossada. 

A palavra ossada significa “porção de ossos, ossaria”. 

Diferentemente, a palavra alçada significa “competência, conta, atribuição, jurisdição, autoridade, poder, poderio, supremacia, foro, instância, vara, campo, esfera, domínio, alcance, ação, âmbito. 

Portanto, as frases acima, reescritas/faladas com seu verdadeiro sentido, são: 

Isso não faz parte da minha alçada (=competência). 

Isso não é da minha alçada (=domínio).


Espero que tenha gostado da dica. 

Nova ortografia sem firulas (parte 4)

 USO DE INICIAIS MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS Este é um assunto aparentemente simples, mas que requer atenção, pois sistematiza o uso de letras m...